segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Fundamentalismo?


Como cristão protestante, fenômenos recentes têm me despertado a sair da letargia criativa. Volto a escrever pois a indiferença perante determinadas questões tem me oprimido.

Muito se fala sobre "fundamentalismo protestante". Herança do pior tipo de protestantismo estadunidense, os fundamentalistas são aqueles que se tornam mais conhecidos por lutar contra o aborto e o casamento gay do que necessariamente por testemunharem a verdade em Cristo! Mas eis que a confusão se estabelece no Brasil. Como nação que vez por outra se vê às voltas com a definição de uma identidade nem sempre bem definida (se é que isso é possível sem que caiamos em estereótipos), muitas vezes tendemos a percorrer caminhos alheios como se não tivéssemos escolhas próprias. A Igreja cristã e protestante em nossa nação necessita reavaliar suas posturas perante determinadas questões, exatamente porque o contexto é extremamente propício para uma terapia coletiva.

Muito tem se falado sobre a proposta lei de direitos humanos que tramita no Congresso Nacional há meses. Dentre os pontos a serem contemplados há questões nevrálgicas acerca da legalização do aborto e principalmente, sobre a determinação de punições severas acerca da homofobia. Sabes o que é isso? Aversão, pavor, medo; uma atitude absolutamente depreciativa em relação a pessoas que possuem a orientação sexual homossexual.

Percebamos a irracionalidade desta proposta! Querem taxar de homofóbica a Bíblia. Absurdo condizente com políticas personalistas, que reproduzem no nosso país o pior legado populista e patrimonialista de nossa cultura polítca! A personalização conduz à aprovação de medidas que favorecem minorias com a fachada mal acabada de "democracia" e "igualitarismo".

Contudo, que momento fantástico tem-se para construir um testemunho diferenciado. Lembro-me da história contada por Philip Yancey que, ao narrar um piquete montado em passeata gay em Washington, fala do homossexual que se volta para os manifestantes e singelamente canta a canção que muito provavelmente aprendeu na Escola Dominical que frequentava quando criança: "Sim eu sei que Jesus me ama, porque a Bíblia assim o diz!". Lutemos sim pela não aprovação de uma violação à liberdade religiosa que gozamos, mas busquemos uma via diferenciada de manifestar a graça de Deus, pois se possuímos a Verdade que liberta, por que a apresentamos como código opressor?

A sociedade é laica, mas é laica para todos. Ela protege o umbandista, o ateu, o católico e o protestante contra qualquer forma de teocracia fundamentalista. Exijo meu direito de culto e de expressão, mas tolero o arbítrio livre que o outro possui sobre si. O mundo jaz no maligno, e se a carne apodrece essa é sua tendência natural. A falha está no sal que, em vez de oferecer suas propriedades preservadoras, cristaliza-se no saleiro!

Às vésperas de um pleito político a Igreja brasileira tem a oportundiade de efetuar uma decisão histórica acerca da sua forma de agir politicamente. Não optando por eleger políticos que reproduzam a cultura miserável do favor, onde votos se tornam púlpitos, telhados de igrejas ou ônibus para encontros e acampamentos. É essencial que optemos por representantes que tenham a capacidade de, independente de sua confissão de fé, perceber o absurdo de uma lei que concorrerá unicamente para o retrocesso daquilo que, como cristão, defendo e desfruto em sua real plenitude: LIBERDADE!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Alguém me Reforma?


Vez ou outra dá-se de encontrar as próprias ideias rondando outras mentes... Abre aspas:


POR UMA NOVA REFORMA


Nós estamos precisando de uma nova Reforma! Na época da primeira Reforma, a igreja estava vendendo terrenos nos Céus; hoje, a igreja está vendendo terrenos na Terra. Naquele tempo as pessoas ansiavam os tesouros dos Céus; hoje, as pessoas anseiam pelos tesouros da Terra. No passado, a igreja institucional usava a Bíblia para enganar os fiéis; no presente, muitas instituições também usam a Bíblia para enganar os cristãos. Mudaram as épocas, os nomes da pessoas, as propostas, as regiões geográficas, mas a ganância a vaidade, a ambição e as estratégias continuam sendo as mesmas.


Precisamos de uma nova Reforma não, primeiramente, nas instituições, mas, sobretudo, em nossos corações. A Bíblia precisa ser redescoberta não nos púlpitos e nas plataformas, mas nos nossos quartos e momentos mais íntimos. Se naquela época as pessoas eram enganadas porque tinham os olhos nos Céus, hoje, as pessoas são enganadas porque têm os olhos na Terra; se no passado, os cristãos eram iludidos porque não tinham a Bíblia em suas mãos, hoje, eles são iludidos tendo uma, duas, três ou mais Bíblias em casa. O problema não é a falta das Escrituras, mas, sim, a falta de leitura e meditação na Palavra de Deus.Os cristãos se tornaram acomodados e preguiçosos!


Nos dias de hoje, poucas são as pessoas que não se deixam levar pela preguiça intelectual; e muitos são os que preguiçosamente se assentam para ouvir a música e a pregação de um outro. Muitos são os que só se alimentam com aquilo que é regurgitado por outros; e poucos são os que, diante do Senhor, cavam suas próprias cisternas a fim de beberem das águas mais límpidas. Muitos, sem o saber, já estão doentes, pois são muitos os que não mais têm fome nem sede. Alimentam-se através de uma sonda, quando alguém lhes injeta algum tipo de alimento na alma.


Os sermões, as pregações e a adoração congregacional são fundamentais; mas eles jamais substituem o firme fundamento que é construído no trabalho solitário da leitura e da meditação diária nas Escrituras, quando a pessoa pode se encontrar e relacionar-se intimamente com a Palavra que se fez carne, Jesus, o Pão do Céu, o desejado da nossa alma. A recomendação que Paulo deu a Timóteo é a mesma que ecoa pelas paredes dos séculos e reverbera nos nossos ouvidos: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2.15).


Voltemos à Palavra e ao Testemunho!


Pr. Gustavo Bessa