sexta-feira, 16 de julho de 2010

Esperança


Escrevo. Espero. Espero ansiosamente, avidamente, sinceramente. Se há algo que necessito renovar em mim, isso é a esperança. Fútil? Vã? Insensata? Não, não pode ser. A esperança é amiga da fé e já falei sobre isso antes. Ninguém espera aquilo que já contempla ante os olhos. Só se pode esperar por algo que ainda não se vê, mas que se crê piamente que existe, que virá...
O que? Quem? Ele.
Ele virá. Ele retornará como prometeu. Virá redimir um mundo caído e que decai, dia após dia, segundo após segundo, sofrimento após sofrimento, dor após dor. Uma coisa fantástica por acontecer é a segura certeza de que Sua glória iluminará de tal forma, que não serão necessários luzeiros celestes. Dia após dia de dias ininterruptos. O fim das noites, o fim das dores e do meu sono que entorpece minha capacidade de senti-Lo e percebê-Lo nos mínimos detalhes que me rodeiam.
O que o felino acima tem a ver com a espera? Bem, podia perceber a presença do meu Amado nessa criatura, como em toda a criação que manifesta Seu poder. Todo ser que respira O louva e O glorifica quando se dispõe a cumprir o propósito para o qual foi criado. O Flynch cumpria muito bem seu propósito, e me lembrava de como é bom valorizar as mínimas coisas como a companhia de um animal de estimação. Mas hoje o Flynch me ensina com sua ausência. Faz 24 horas que não desfruto de sua companhia, de suas brincadeiras e mordidelas não tão delicadas que me alegravam constantemente. Me ensina que a morte de qualquer criatura é contrária ao Projeto original e por isso é tão absurda, tão inaceitável e tão dolorosa. “O cordeiro pastará com o leão”: é a promessa. Não dá pra acrescentar aí que os bichos de estimação não mais morrerão?
A morte de meu gato é a prova de que a criação geme a uma só voz, e aguarda ansiosa a manifestação dos filhos de Deus. Enquanto tento manifestar-me sofro as mesmas dores ao passo que espero a manifestação DO FILHO DE DEUS. Quando Ele vier não haverá mais noites, dores, lágrimas, mortes, perdas, solidão ou abandono. Sua presença assegurará alegria eterna, paz perene, companhia infindável. Restaurará o Universo à ordem primeira, antes da primeira queda que se perpetua pela história humana. Enquanto espero, oro para que Ele supra minhas carências, dores e frustrações. Enquanto espero, sofro e choro, mas espero crente, paciente e certo de que Ele virá. Não lhe resta esperança? Talvez você esteja esperando pela coisa errada...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Furia


Este post é tão somente para encerrar a reflexão sobre a copa... Se ainda foi um time europeu o campeão, pelo menos é um daqueles que não representa a tradicional visão de êxito e modernidade que a Europa disseminou pelo planeta. Há tempos o mundo ibérico é marginalizado no contexto do continente europeu e da expansão de seu projeto ocidentalizante pelo globo. O padrão fora exportado pelos fleumáticos saxões, ou sóbrios e moderados germânicos. Aos latinos de "sangue quente", relegue-se o fracasso e o atraso.
Somos resultado desse segundo grupo. A América ibérica é vista com o estigma do atraso e do arcaísmo que são conferidos às nossas matrizes européias (que não são as únicas é óbvio). Nossos irmãos do norte são o modelo do êxito a ser seguido, do projeto que deu certo, a face boa desse continente moldado à imitação da Europa.
Mas nos recusamos a assumir essas leitura... Não porque desejamos nos tornar um modelo e um padrão, mas sim porque desejamos que os modelos civilizacionais caiam. No que se refere à tolerância pelos modos e ritmos de vida de culturas diferentes, arvora-se o direito pela autonomia de optar-se por ser o que se deseja.
Exaltar, pois, o mundo ibérico, não é um exercício egocêntrico. É apenas uma nova alegação: uma recusa a trilhar caminhos de êxito e sucesso que nos foram impostos por outros...
Parabéns Espanha...

sábado, 3 de julho de 2010

DIGA NÃO À IDOLATRIA


O Ministério do Reino de Deus adverte: soberba faz mal para a conquista de um título mundial!

"Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura"
Isaías 42:8

quinta-feira, 1 de julho de 2010


Breve introdução:

Este é um blog em primeira pessoa. Falarei, pois, obviamente, daquilo que me interessa: Deus, família, Igreja, história, cinema, política... necessariamente nessa ordem. Feitas as ressalvas, caminhemos.

Creio em Deus. Fato não empírico, porém imensamente demonstrável. Incoerente? Para pensar a respeito, preciso falar de minhas aulas como professor de História da América, nas quais um dos atores históricos que mais necessitamos discutir é Cristóvão Colombo.

Homem admirável o senhor Colombo. Impregnado de uma crença inabalável, seguiu Atlântico adentro em direção às Índias e, vejam só, morreu acreditando que chegara a elas. Nada do que via, completamente diferente das narrações de Marco Pólo, o fazia retroceder em sua certeza de que havia chegado à Ásia, ao extremo leste do orbis terrarum, da Ilha da Terra. Por isso Edmundo O’Gorman afirma que Colombo não descobriu a América: simplesmente por que para ele, a América nunca existiu. Cito a tese interessante porque me identifico com este homem de espírito medieval. Explico-me destacando do texto de O’Gorman um fragmento: “Diz Marcel Proust [...] que os fatos não penetram no mundo onde vivem nossas crenças e, posto que não lhes deram vida, não as podem matar; podem estar desmentindo-as constantemente sem debilitá-las [...]”.

Vivo em um mundo que constantemente desmente minhas crenças. Ligo a TV e a chuva no Nordeste e no Rio, os terremotos no Haiti e no Chile, me fazem duvidar da existência de um Deus bondoso que a todos ama e a todos quer bem. Contemplo uma geração composta de famílias dilaceradas com adolescentes ditadores e problemáticos e me pergunto sobre a consistência e a validade desta instituição chamada família. Olho pra mim mesmo e no meio de meus erros, limitações, tentações e frustrações tento discernir (muitas vezes em vão), a pessoa do Deus Espírito que prometera habitar em mim tão logo eu aceitasse o sacrifício do Filho em meu lugar.

Contra fatos não há argumentos? Quem disse?

Abandono a mentalidade positivista e questiono a validade destes fatos. Tal qual Colombo me lanço no reino da certeza em busca do silenciamento da dúvida que badala no meu interior. E daí se o que vejo contradiz o que creio. Tão somente creio. Creio porque experimento o cuidado, o amor e a ternura encarnada em pessoas próximas. Creio porque o perfeito funcionamento do Universo não me concede outra possibilidade a não ser crer. Creio em Deus porque a despeito de minhas imensuráveis falhas me esforço em demonstrar coisas que naturalmente não conseguiria... coisas como delicadeza, paz, alegria, bondade, paciência...

Faith no more? Ainda não, mas haverá um dia em que a fé não será necessária. O dia em que verei com meus próprios olhos o que hoje posso apenas crer. Se a fé é a certeza do que não se vê, a visão não me exigirá mais a fé.

Por ora creio. E diferente do que disse Proust, minhas crenças emanam sim dos fatos. Emanam de uma madeiro cruzado erigido ao redor dos muros de Jerusalém e de um amor imensurável que ressoa pela história. É este fato que dá vida à minha fé. Não o vejo? Mas não caminho pelo que vejo. Desde quando pareceu sensato a alguém confiar em seus sentidos?