quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Deslumbrante vida


Dias desses, fato novo se deu. Segurando a pequena mão de um bebê de ano e meio, dando relutantemente seus primeiros passos, surpreendeu-me ouvir pela primeira sua frágil, mas enfática voz “Qué descê!”, ante um gigantesco degrau de dez centímetros. A experiência corriqueira para muitos, reacendeu em mim algo que jamais poderia permitir que se esvaísse: um encantamento genuíno e entusiástico pela vida!

Saudável o hábito daquele que se permite deslumbrar com o pequeno, o humilde, o simples e o corriqueiro. Feliz aquele que se alegra com um belo céu, uma brisa suave, um sorriso inesperado, um bom atendimento. Bem-aventurado o que contempla o esplendor no mínimo, e diagnostica a vibrante e excelente vida nas mais discretas manifestações ao seu redor.

E foi assim que aquela menina que há pouco sequer existia, subitamente se revelou um Ser, uma Palavra encarnada, um Sonho concreto, uma Ideia materializada, um Desejo realizado. E foi ao constatar isso naquela voz, naquele olhar e naqueles dedos apaixonantes que dependiam de minha mão, que me dei conta de que a vida é grande em ser pequena, e que o deslumbramento ante seus caprichosos detalhes, constitui atitude de soberana felicidade.

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